1 de dezembro de 2016

Moção de repúdio à ação da Polícia Militar do DF na Marcha Nacional contra a PEC 55 e a MP 746

banner_mocao_de_repudioA Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE, entidade representativa de mais de 4 milhões de trabalhadores em educação em todo o Brasil, como uma das entidades que apoiaram a realização da Marcha contra a PEC 55 e a MP 746, realizada no dia de ontem (29/11) aqui em Brasília, vem a público manifestar o seu mais veemente repúdio à ação da Polícia Militar do Distrito Federal.

A Marcha, que reuniu cerca de 50 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios, com delegações de estudantes e trabalhadores de todo o país, estava transcorrendo na mais perfeita ordem e harmonia, tendo a diversidade, a juventude e a alegria de seus participantes como as suas maiores marcas. Tudo se transformou quando a Marcha chegou próximo ao Congresso Nacional e a Polícia Militar do DF, em uma absoluta falta de controle, começou a criar um cenário de guerra em um local que sempre foi marcado pelo livre exercício da democracia.

A infiltração de provocadores no meio da multidão, que depois veio a ser confirmada por depoimentos na Internet de membros do Movimento Brasil Livre – MBL, não justifica a ação da PM do Distrito Federal. A PM, que deveria estar ali para assegurar o sagrado exercício da livre manifestação, se prestou a ser o principal instrumento do acirramento de ânimos, deixando claro para todos o seu despreparo para lidar com manifestações de massa.

É claro que deve haver protocolos de como lidar com provocadores em manifestações de massa, e a Polícia Militar, mais do que ninguém, deve se apropriar desse instrumento. O uso generalizado e desproporcional da força e da truculência criaram e fomentaram a reação de todos que ali estiveram presentes, especialmente dos jovens, muitos menores de idade. Não se pode mais admitir uma Polícia violenta que oprime o seu próprio povo e, a despeito de tudo, ela ficar impune diante do uso de tamanha violência. Nenhuma palavra da corporação e tampouco de seu chefe, o governador Rodrigo Rollemberg.

Sabemos todos que a violência policial no país é resultado de mais de 30 anos de impunidade, desde quando, no processo de redemocratização do país, nada se investigou a respeito das práticas de tortura e de violência policial usadas naquele período tão tenebroso da história brasileira. Ao contrário de muitos de nossos países vizinhos, que investigaram e puniram o excesso dos militares nas ditaduras vividas em seus países, o Brasil nunca sequer investigou os crimes cometidos por aqueles agentes do Estado. Ao invés disso, anistiou seus torturadores. A consequência disso foi a perpetuação dessas práticas de tortura e violência policial nos rincões brasileiros até os dias de hoje.

Mas para além do descontrole demonstrado no dia de ontem, tudo indica que a ação da Polícia Militar foi algo orquestrado e deliberado. Em conjunto com a Força Nacional de Segurança e com a própria Polícia Legislativa do Congresso Nacional, a PM/DF parecia seguir orientações claras de esvaziar a manifestação pacífica e usar toda a força bruta necessária para criminalizar o movimento. Sabemos das práticas do atual ministro da Justiça do governo ilegítimo, Alexandre de Moraes, e de seu histórico no Estado de São Paulo como secretário de Segurança Pública.

Em conjunto com o governador Rollemberg, essas duas figuras transformaram um lugar sagrado da democracia em palco e cenário de guerra.
Não podemos mais tolerar essa violência que ontem foi cometida contra jovens estudantes e trabalhadores e trabalhadoras de todo o país!!! Chega de truculência!! Denunciaremos em todos os espaços essa violência desmedida que envergonha o país!! Essa Polícia Militar não nos serve!!! E ela mesma, com esse tipo de prática covarde, corrobora com o cântico entoado por todos ao final da manifestação de ontem, que exige o fim da militarização da Polícia.

Brasília, 30 de novembro de 2016
Diretoria Executiva da CNTE