3 de abril de 2020

ADUFAL: Nota de solidariedade ao Sinteal e aos moradores do Pinheiro, Mutange e Bebedouro

A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Alagoas (ADUFAL) manifesta solidariedade ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (SINTEAL) que está sendo despejado de sua sede, bem como às demais famílias dos bairros do Pinheiro, Bebedouro e Mutange, vítimas do grande desastre provocado pela mineradora transnacional Braskem, que impõe seus interesses e se apropria de três bairros de Maceió/AL.

A tragédia ambiental e social provocada pela Braskem deixa todos consternados e indignados, mais ainda pela omissão dos poderes públicos, que deixaram a população a mercê das determinações da empresa, quando se constatou que a região com poços de extração de salgema estava em risco e boa parte da população deveria ser retirada de suas residências e estabelecimentos de comércio e serviços.

A maioria dos moradores, empresários e instituições desses bairros não tinha a intenção de se desfazer de seu patrimônio e agora se vê obrigada a sair, expulsos pelas consequências da ação de uma mineradora que agiu sem fiscalização por 40 anos, e mantém-se impune e ilesa após causar um prejuízo incalculável.

É importante ressaltar que o SINTEAL nas últimas décadas protegeu o patrimônio histórico da cidade, fazendo da Vila Amália o mais bem cuidado casarão do séc. XIX que registra a memória de Maceió. A entidade protegeu o patrimônio ambiental com o mais bem preservado trecho de mangue urbano da Lagoa Mundaú, e ainda construiu um mini-centro de convenções para atender aos/às profissionais da Educação. Um prédio histórico que registra a trajetória coletiva de lutas em defesa da Educação e da valorização profissional. Tudo isso não tem preço.

Causa estranheza que ao invés de receber reais indenizações, os moradores e entidades estejam sendo obrigados a vender os imóveis para a empresa Braskem. A cidade está sendo amputada de três bairros. São gerações que nasceram e viveram ali, são relações familiares, comunitárias, escolares, de templos, unidades de saúde, praças e espaços onde a vida flui e se constroem identidades culturais; são territórios sendo desfeitos, arrancados, desterrados.

A tragédia ambiental e humana imposta à Maceió pela mineradora transnacional Braskem avança, e está sendo silenciada. É imensa a sensação de abandono e revolta das comunidades do Pinheiro, Mutange e Bebedouro. E as consequências para a cidade com o despovoamento de tão grande área, apropriada privadamente e apartada do restante da cidade pela mineradora, não estão sendo sequer avaliadas pelo poder público.

E, não bastasse tudo isso, eis que os despejos estão acontecendo em plena pandemia da COVID-19, no mesmo momento em que a recomendação é ficar em casa e isolar-se socialmente, constata-se que nem todas as providências de realocar dignamente as famílias foram tomadas, agravando a situação de vulnerabilidade social.

Por tudo isto a ADUFAL reafirma o sentimento de solidariedade, compartilha da mesma indignação das vítimas da tragédia provocada pela Braskem em Maceió, e apresenta apoio ao SINTEAL neste momento de tantas dificuldades.

 

A direção

Maceió, 02 de abril de 2020