26 de maio de 2020

SINTEAL realiza live-debate sobre a Gestão Democrática em tempos de autoritarismo

Com excelente participação dos/as internautas, o SINTEAL realizou, na tarde desta terça-feira (26/05), em seus canais no Facebook e no Youtube, a live-debate sobre o tema “Gestão Democrática: olhares e perspectivas”, que discutiu a gestão nas escolas públicas, a partir do olhar de lideranças sindicais de outros estados. Participaram da live­-debate, moderada pela jornalista e assessora de comunicação do sindicato Emanuele Vanderlei, além dos diretores do SINTEAL Josefa da Conceição (Jô) e Lucas Soares, as palestristas e convidadas especiais Marlei Fernandes (diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE), Cândida Rosseto (diretora do CPERS Sindicato) e Mônica Caldeira (diretora do Sindicato dos Professores do Distrito Federal/DF).

Após o diretor do SINTEAL Lucas Soares dar as boas-vindas as palestristas no debate, mostrando a importância da escolha do tema “gestão democrática” para o debate – “para saber como o processo de gestão é construído em outros estados” -, e informando que esta foi a primeira live-debate “num formato diferente transmitida pela entidade para o Brasil inteiro, nas parcerias com a VCNTE, com o CPERS Sindicato e com o Sintro/DF”, abriu as participações a vice-presidenta da CNTE e da APP/Paraná, Marlei Fernandes, lembrando, logo, que “só é possível a gestão democrática se vivermos numa época também democrática, mas, infelizmente, hoje, vivenciamos o processo de avenço do conservadorismo, do autoritarismo, que barra ou tenta barrar o espaço democrático popular”.

Marlei historiou o processo de luta que contribuiu para a construção das conferências e dos fóruns nacionais de educação, que também sofreram golpes de governos autoritários. “Hoje, mais uma vez, vivemos uma ameaça muito grande à gestão democrática, às instituições populares, interferências contra os conselhos escolares, perseguições a entidades estudantis (como aconteceu no Paraná). Mas esse período reforça, e muito, a necessidade que temos de reafirmar a importância da construção da gestão democrática em todos os momentos possíveis, defender as leis que instituíram o processo de gestão democrática, com a participação da sociedade civil ao lado dos trabalhadores em educação, e dos alunos e pais. “O momento é de resistência ativa. Momento, como bem definiu a CNTE, de esperançar”, encerrou Marlei.

Logo após a fala de Marlei, a palavra foi cedida a diretora do CPERS Sindicato/Rio Grande do Sul), Cândida Rosseto, que lembrou que “dialogar sobre democracia é nos alimentar para enfrentar os desafios colocados nesta difícil conjuntura. Assim, está cada vez mais na ordem do dia reafirmar que a gestão democrática continua sendo um processo de luta contínuo, e, aqui no Rio Grande do Sul, temos o fato de sermos pioneiros na construção dessa luta, quando, em 1979, em plena ditadura militar, os trabalhadores da educação pública realizaram lutas e greves corajosas em defesa da gestão democrática nas escolas. Assim, falar em gestão democrática é falar da luta de nossa entidade [a CPERS Sindicato], nesse processo de construção democrática”.

Rosseto referendou que a luta em prol da construção da gestão democrática “ganha importância crucial com o momento por que passa o Brasil, com o retorno de ameaças gravíssima à democracia tão duramente conquista pelos brasileiros”.

A terceira participação na live-debate foi local, mais precisamente da diretora do SINTEAL, Josefa da Conceição (Jô), que, em suas primeiras palavras, reafirmou que, “infelizmente, a situação de repressão contra o processo de gestão democrática, que vemos em outros estados, também sofremos em Alagoas. Um exemplo é o processo de exclusão sofrido pelo SINTEAL quando da época da reconstrução do Conselho Estadual de Educação”.

Jô reafirmou a dificuldade de dialogar com a Secretaria de Estado da Educação, bem como das demais secretarias municipais de educação.

“Ora, a gestão democrática estabelece laços e incita a conversas, e quando há dificuldade de diálogo com os gestores, é a gestão democrática que está sendo atacada. E ainda mais quando essa dificuldade de diálogo se dá dentro do ambiente escolar”, disse Jô, para quem “a construção da escola democrática se dar no agir democraticamente. Assim, precisamos sair da subserviência para sermos atores nesse processo de construção contínua da gestão democrática”.

Fechando o quarteto de palestristas, falou Mônica Caldeira, diretora do Sindicato dos Professores no Distrito Federal – Simpro/DF), que reafirmou que “a escola tem uma importantíssima função, que é o da inclusão social, e isto é muito mais que só eleger diretores e conselhos escolares, é um processo de democracia muito mais amplo, e tudo isto cabe no processo continuado de defesa da gestão democrática”.

Para Caldeira, “a gestão democrática está inserida num processo social muito enraizado no patrimonialismo, em um processo altamente autoritário, e, deste modo, precisa ser, a cada dia, mais fortalecida, porque a gestão democrática sofre a influência desses períodos de autoritarismo, que surgem com as mudanças de governos, sejam eles estaduais, federais ou municipais”. Ela afirmou no final de sua fala que “a gestão democrática precisa ser um projeto de Estado, e não um projeto de governo”.

Na parte final, as quatro palestristas responderam a perguntas e observações feitas pelos internautas que acompanharam a live-debate, e, no final, em suas “palavras finais”, o sentimento das dirigentes da educação foi o de realçar a importância do processo histórico de luta das entidades sindicais na construção e defesa da gestão democrática, principalmente nesta difícil realidade em que a Democracia sofre ameaças diretas e corre sério perigo de retrocesso, num Brasil mergulhado num processo de crise econômica, social e sanitária (com a pandemia da Covid-19).

Ascom: Sinteal