19 de novembro de 2020

Em nome do SINTEAL, diretora Marluce Remígio saúda o 20 de Novembro: Dia Nacional da Consciência Negra

Através de sua secretária de Políticas Sociais, professora Marluce Remígio, que atualmente preside o CONEPIR – Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial, o SINTEAL parabeniza o 20 de Novembro – “Dia Nacional da Consciência Negra” -, data que faz parte do calendário do “Novembro Negro”, mês de luta em prol da igualdade racial e também de homenagem ao líder negro Zumbi dos Palmares.

Segundo Marluce, o 20 de novembro é uma data “em que relembramos a luta e a morte do líder negro Zumbi dos Palmares, responsável pela primeira e única tentativa de estabelecer, no Brasil, uma sociedade democrática, livre para todos os habitantes brasileiros daquela época – negros, índios, brancos”.

“A partir dessa luta, honrando a luta e a memória de Zumbi dos Palmares, o povo negro desse país continua unido nessa luta de reconstrução da sociedade brasileira em busca de nova ordem social, mas com a participação real e justa de cada negro ou negra”, disse.

Negando enfaticamente o “13 de Maio”, denominado oficialmente como o “Dia da Abolição da Escravatura”, Marluce afirma que “este dia, tido como um ‘dia de libertação’, até hoje encobre, na verdade, uma dura realidade de dominação e exploração em que o povo negro se encontra: jogado nas favelas e cortiços, empurrado para o desemprego e o subemprego, a mendicância e a marginalidade, tendo ainda sobre si o peso da repressão policial e da parcialidade da Justiça”.

Ela faz questão de reafirmar que o 20 de novembro – Dia Nacional da Consciência Negra, “este, sim, mantém o espírito de luta dos Quilombos contra o racismo e toda forma de opressão existente na sociedade brasileira, em prol da verdadeira emancipação política, econômica, social e cultural do povo negro”.

Educação antirracista

“Eu sou professora e penso sempre que é preciso construirmos uma educação antirracista. Temos leis em prol dessa luta [Ela cita as Leis Nº 10.639, que incluiu no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira, e 11.645, que instituiu a obrigatoriedade do ensino de História e culturas indígenas nas escolas públicas e privadas] para ajudar a combater, em nosso cotidiano, as manifestações de cunho racista, que, infelizmente, se dá no ambiente escolar. Daí a importância do combate ao racismo nas escolas, que é lei!, e o papel das escolas nesta tarefa consta em vários documentos, está presente em vários documentos: na Constituição, na Lei de Diretrizes e Bases e no próprio PNE – o Plano Nacional de Educação”, disse Marluce Remígio, defendendo uma educação antirracista.

“Somos, ainda, os mais oprimidos dos oprimidos, não só no Brasil, mas em todos os lugares onde vivemos. Nossa luta, em nível mundial, continuará onde e enquanto houver uma injustiça contra seres humanos negros”, diz Marluce, que encerrou a entrevista lembrando um poema da poeta e escritora mineira Conceição Evaristo, intitulado “Vozes-Mulheres”, que é este:

Vozes-Mulheres

A voz de minha bisavó
ecoou criança
nos porões do navio.
ecoou lamentos
de uma infância perdida.

A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo.

A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
no fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela

A minha voz ainda
ecoa versos perplexos
com rimas de sangue e fome.

A voz de minha filha
recolhe todas as nossas vozes
recolhe em si
as vozes mudas caladas
engasgadas nas gargantas.

A voz de minha filha
recolhe em si
a fala e o ato.
O ontem – o hoje – o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância
O eco da vida-liberdade.