8 de abril de 2021

Educadoras da Escola Zilka de Oliveira, pedem socorro ao Sinteal contra “caos” na estrutura do prédio

Em reunião virtual realizada na tarde desta quarta-feira (7), o Sinteal, representado pelas diretoras Girlene Lázaro e Cícera Ferreira, e pelo diretor Edilton Dantas, tomou conhecimento do “Relatório de Avaliação Estrutural da Escola Municipal Professora Zilka de Oliveira Graça”, de Educação Infantil e de Ensino Fundamental, apresentado pela professora Sandra Guimarães, e que apresenta, através de textos, fotos e até slides a situação de caos vivida há mais de 10 (dez) anos no prédio impróprio que abriga a escola, localizada no bairro Petropólis.

Segundo a professora Sandra, o documento, a ser entregue ao Sinteal nos próximos dias, “demonstra de maneira muito clara e ampla as condições precaríssimas e insalubres de funcionamento da escola, principalmente, o que é mais preocupante, nestes tempos de pandemia, quando os cuidados com a higiene e com as regras de distanciamento se impõem como fundamentais para combater o vírus”.

Na leitura do relatório, Sandra Guimarães fez questão de esclarecer que “apresentaria ao Sinteal duas situações”: uma, a Escola Zilka Graça como ela está; e a segunda situação, através da apresentação, igualmente por fotos, do prédio do Colégio Laerson Rosa, localizado no mesmo bairro, em relação ao qual a direção da escola vem tentando negociações para a mudança de prédio. “Esta reunião é um pedido de socorro que estamos fazendo ao Sinteal para que interceda junto à nova direção da Semed Maceió, e dê fim a pelo menos oito anos de embromação, como os que vimos nas duas gestões anteriores da secretaria. Queremos ensinar e trabalhar com as condições devidas”, disse.

CAOS NA INFRAESTRUTURA

Segundo a professora Sandra Guimarães, “é urgente sair do prédio da escola porque as situações de insalubridade são as mais variadas e perigosas possíveis!”.

Bem detalhadamente, à medida que apresentava fotos na reunião virtual, aos diretores do Sinteal, a professora Sandra discorria, em seu relatório, sobre os problemas de infraestrutura ambiente por ambiente, denunciando situações às mais diversas e absurdas, como:

  • salas pequenas e mal ventiladas (o calor é insuportável quase o ano todo);
  • banheiros (a escola só tem dois!) infectos;
  • corredores estreitos;
  • vazamentos, infiltrações e mofo;
  • fezes ressecadas de animais (como passarinhos, por exemplo);
  • janelas basculantes velhas que não abrem para facilitar a ventilação;
  • ambientes (a maioria) mal iluminados;
  • escadas despadronizadas e propícias a acidentes graves (com degraus que não cabem um pé de pessoa adulta);
  • ambientes sem forros;
  • cozinha num espaço diminuto (sem a necessária bancada para manipulação e preparação de alimentos), sem armários e com produtos da merenda próximos a produtos de limpeza;
  • dificuldades extremas de acessibilidade;
  • cisterna instalada perigosamente no meio do improvisado “pátio de recreio” (onde, segundo a professora, quase ocorreu um acidente fatal com aluno);
  • e, por fim, inexistência de rotas de saída, em caso, por exemplo, de incêndio (hipótese, infelizmente, não descartada, segundo a professora Sandra Guimarães, tendo em vista a quantidade e variedade de material inflamável que a escola abriga, como papéis, tintas e solventes e, com a iminência da volta às aulas presenciais, de produtos como álcool 70 e em gel).

Segundo a professora, “como a escola é toda fechada, sem ventilação, até o acesso dos bombeiros, em caso de um sinistro, estaria prejudicado, devido a esta estrutura inadequada do prédio da Escola Zilka Graça, que, para falar a verdade, não é uma escola, mas, sim, uma casa adaptada”.

COLÉGIO LAERSON ROSA: ESPAÇO IDEAL

“Objeto de desejo” para a saída do “inferno” que é o prédio onde se localizada atualmente a Escola Zilka Graça, o prédio do Colégio Laerson Rosa entrou na história de luta das direções da escola (e dos professores e funcionários) já há alguns anos.

Segundo a professora Sandra Guimarães, os proprietários do colégio chegaram até a enviar um documento que demonstra e prova o interesse em formalizar um acordo de aluguel (e transferência), e que dependeria, exclusivamente, de determinação da Secretaria Municipal de Educação.

Em seu detalhado relatório, a professora mostrou ao Sinteal o “porquê” a luta pelo contrato vale, e precisa ser feita o mais rápido possível!

“É um espaço que, mesmo tendo reparos a fazer, consideramos o ideal para termos dignas e reais condições de trabalho, e darmos aos nossos alunos (muitos portadores de necessidades especiais) as condições também dignas e necessárias para estudar”, diz a professora, citando uma “melhor infraestrutura” que engloba, por exemplo, maior número de salas de aulas (mais amplas, climatizadas e também ventiladas) e de banheiros; pátio (também amplo); corredores maiores e mais largos (que oferecem, como as salas de aulas, maior condição de biossegurança, como o distanciamento social); quadra de esportes; sala de professores; sala de arte; recepção; sala para instalação de biblioteca; cozinha com infraestrutura adequada etc.

“É, de fato, uma realidade bem diferente da que enfrentamos em nosso dia a dia na Escola Zilka atual, que, inclusive, já  recebeu a visita de técnicos da Semed, que levantou os problemas, anotou, levou, mas nada foi feito”, lamenta a professora. Mas ela diz que a comunidade da escola (professores e funcionários) não irá desistir, apesar das dificuldades, das situações de adoecimento, angústia e pânico!

“Aqui, antes, era um ‘depósito de crianças’, pois em sala que, apertados, cabiam quinze crianças, se imprensavam vinte e cinco! Isso lutamos e, bem ou mal, resolvemos. E também saímos da colocação de terceira pior escola de Maceió e estamos no vigésimo-quinto lugar, de acordo com a nota do IDEB [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica]. A Semed, então, nessa nova gestão, precisa olhar para esta escola, para seus profissionais”, diz a professora Sandra, que também se diz preocupada com a possibilidade de um acordo com a direção do Colégio Laerson Rosa ser interrompido, devido o interesse da Semed, de levar as escolas municipais Edécio Lopes e Braga Neto (desativadas pelo desastre ambiental causado pela Braskem, no bairro do Pinheiro) para o prédio em questão.

DEPOIMENTOS

Depois da passagem do relatório feito pela professora Sandra, professoras/es que participaram da reunião virtual com o Sinteal deram importantes depoimentos sobre a situação, relatando problemas de saúde e condições insalubres do local que atrapalham o desempenho da escola.

 

FALA DO SINTEAL

Encerrando a reunião virtual, a secretária geral do Sinteal, Girlene Lázaro, parabenizou a luta realizada na escola, afirmando, com indignação, “ser inexplicável que oito anos de gestão na Semed não tenham sido suficientes para resolver a realidade da escola Zilka de Oliveira Graças.

Ela lembrou às/aos profissionais presentes na reunião virtual que a situação da escola já foi levada em forma de denúncia e reivindicação à direção da Semed na gestão anterior.

Girlene informou que a reunião que estava marcada com a Semed para a tarde desta quarta-feira (7) ficou remarcada para a próxima terça-feira (13), e pediu que o relatório seja enviado o quanto antes à direção do Sinteal. “Vamos encaminhá-lo para a Semed, e se necessário buscaremos outras instâncias para resolver o problema”.